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81º aniversário de Pedro Tamen


Oi queridos leitores!

O post de hoje será uma mera homenagem para o poeta português Pedro Tamen, que completa na data de hoje 81 anos de idade.

BIOGRAFIA:

Poeta português, natural de Lisboa. Nos anos cinquenta, fundou e dirigiu o cineclube Centro Cultural de Cinema. Exerceu atividade docente no ensino secundário, tendo sido ainda diretor da Editora Moraes (1958-1975) e um dos administradores da Fundação Calouste Gulbenkian. Pertenceu à direção da Associação Portuguesa de Escritores (1973-1975). Tem colaboração dispersa por jornais e revistas, como o Diário de Notícias, a Colóquio/Letras e o Expresso. Foi ainda diretor-adjunto da Flama. Como poeta, esteve inicialmente ligado a tendências experimentalistas. Na sua escrita, há uma exploração das possibilidades sintácticas da linguagem, conseguindo por vezes criar efeitos de surpresa ou de uma peculiar ambiguidade. Ligado inicialmente a uma temática de raiz religiosa, o sentimento amoroso tem tido, na sua obra posterior, um lugar mais destacado. Estreou-se com Poemas Para Todos os Dias (1956), publicando ainda O Sangue, a Água e o Vinho (1958), Primeiro Livro de Lapinova (1960), Poemas a Isto (1962), Daniel na Cova dos Leões (1970), Escrito de Memória (1973), Os Quarenta e Dois Sonetos (1973), Horácio e Coriáceo (1981, Prêmio D. Dinis da Fundação Casa de Mateus), Agora Estar (1984), Delfos, Opus 12 (1987), e Caracóis (1993, conjuntamente com Júlio Pomar), entre outras obras. O volume Tábua das Matérias (recolha de obras datando entre 1956 e 1991) ganhou o Grande Prêmio da Crítica e o Grande Prêmio de Poesia Inapa. Colaborou com o pintor Manuel Amado na exposição «Um Poeta/Um Pintor» (1994). Em 1995, publicou Depois de Ver, obra centrada sobre a apreciação de objetos artísticos. A sua produção poética foi ainda alvo de uma nova seleção, sob o título Guião de Caronte (1997). Tem, ainda, dedicado parte da sua actividade à tradução. Em 1999, foi lançada Escrita Redita, uma antologia do poeta. Em 2000, publica Memória Indescritível e em 2001 seguiu-se Retábulo das Matérias. Em 2001, foi um dos galardoados com o prêmio literário do PEN Clube Português, com o livro Memória Indescritível.

OBRAS:

  • Poema para Todos os Dias (1956, poemas)

  • O Sangue, a Água e o Vinho (1958, poemas)

  • Escrito de Memória (1973, poemas)

  • Os Quarenta e Dois Sonetos (1973, poemas)

  • Horácio e Coriáceo (1981, livro)

  • Principio de Sol (1982, poemas)

  • Guião de Caronte (1997, livro)

  • Retábulo das Matérias (coleção de poemas 1956-2001, 2001)

  • Analogia e Dedos (2006, poemas, Prêmio Literário Inês de Castro e Prêmio de Poesia Luís Miguel Nava)

  • Um Teatro às Escuras, 2011

ALGUNS POEMAS:

A Luz que Vem das Pedras

A luz que vem das pedras, do íntimo da pedra, tu a colhes, mulher, a distribuis tão generosa e à janela do mundo. O sal do mar percorre a tua língua; não são de mais em ti as coisas mais. Melhor que tudo, o voo dos insectos, o ritmo noturno do girar dos bichos, a chave do momento em que começa o canto da ave ou da cigarra — a mão que tal comanda no mesmo gesto fere a corda do que em ti faz acordar os olhos densos de cada dia um só. Quem está salvando nesta respiração boca a boca real com o universo?

Troco-me por Ti

Troco-me por ti Na brasa da fogueira mal ardida renovo o fogo que perdi, acendo, ascendo, ao lume, ao leme, à vida. E só trocado, parece, por não ser na verdade conjugo o velho verbo e sou, remido esquartejado, o retrato perfeito em que exacerbo os passos recolhidos pelo tempo andado.

Quero-te de Branco, Meu Amor

Quero-te de branco, ou antes, modelada nas roupas que cosesses das bonecas, nos saltos, nos baloiços, nos degraus de uma porta qualquer donde saísses. Quero-te de branco e intocada, carregada porém dos anos buliçosos e das vidas ausentes. De branco, meu amor, e de tão branco que me desses o mundo em luz de sol.

Escrito de Memória

Formado em direito e solidão, às escuras te busco enquanto a chuva brilha. É verdade que olhas, é verdade que dizes. Que todos temos medo e água pura. A que deuses te devo, se te devo, que espanto é este, se há razão pra ele? Como te busco, então, se estás aqui, ou, se não estás, por te quero tida? Quais olhos e qual noite? Aquela em que estiveste por me dizeres o nome. Pedro Tamen, in “Tábua das Matérias”

O Mar é Longe, mas Somos Nós o Vento

O mar é longe, mas somos nós o vento; e a lembrança que tira, até ser ele, é doutro e mesmo, é ar da tua boca onde o silêncio pasce e a noite aceita. Donde estás, que névoa me perturba mais que não ver os olhos da manhã com que tu mesma a vês e te convém? Cabelos, dedos, sal e a longa pele, onde se escondem a tua vida os dá; e é com mãos solenes, fugitivas, que te recolho viva e me concedo a hora em que as ondas se confundem e nada é necessário ao pé do mar.

Não Digo do Natal

Não digo do Natal – digo da nata do tempo que se coalha com o frio e nos fica branquíssima e exacta nas mãos que não sabem de que cio nasceu esta semente; mas que invade esses tempos relíquidos e pardos e faz assim que o coração se agrade de terrenos de pedras e de cardos por dezembros cobertos. Só então é que descobre dias de brancura esta nova pupila, outra visão, e as cores da terra são feroz loucura moídas numa só, e feitas pão com que a vida resiste, e anda, e dura.

BIBLIOGRAFIA:

http://www.citador.pt/poemas/a/pedro-tamen

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Tamen

http://www.escritas.org/pt/bio/pedro-tamen

Abraços e até o próximo post!

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