Dica Literária: "Minha História" de Michelle Obama
Logo nas minhas primeiras palavras deixo claro que as próximas linhas não comporão uma resenha (onde contaria o enredo e terminaria com alguma frase ou pergunta que te instigaria a querer ler o livro). Como durante a leitura me senti próxima da escritora Michelle Obama e de sua história, decidi fazer um texto que me aproximasse de... Você. Isso mesmo, não leu errado. Você, a pessoa que tirou alguns segundos do dia para ler o que tenho a dizer.
Assim que os meus olhos percorreram as primeiras linhas, soube que a essência desse livro seria diferente dos outros já lidos por mim. E estava certa.
Sendo eu, uma garota-mulher negra, tento através da literatura, música, arte, filmes, documentários, entre outras formas e plataformas de divulgação de conteúdo, encontrar pessoas (sendo elas famosas ou não) que signifiquem representatividade para mim. A Michelle é uma delas.
Nem preciso entrar em detalhes, mas é de conhecimento geral que há uma série de questões históricas e culturais que contribuíram e contribuem para a sociedade ser preconceituosa. O que inclui: A cor da pele, religião, classe social, ocupação profissional, o modo de falar e de se vestir, sexo, orientação sexual, local onde mora... O que me entristece é saber que se mudanças não forem realmente feitas, a tendência é que essa situação continue por várias e várias gerações. Por outro lado, há uma união maior dessas pessoas já estafadas que dizem "Chega! Não aceito ser tratado (a) assim!"
É nesse ponto que é importante ter o contato com a história de uma mulher que viveu num apartamento apertado com a família em South Side de Chicago, formou-se pela Universidade de Princeton e pela Harvad, que trabalhou num escritório de advocacia e teve outros empregos após esse, envolvida em várias causas e que anos mais tarde se tornaria a Primeira-Dama dos EUA.
Claro que a vida dela não é um mar de rosas, o que ela faz questão de mostrar através da sua biografia. Quem é que, em juizo, diz que leva uma vida perfeita sendo rodeado por várias injustiças? Será que essas pessoas não conseguem sentir nem um pouquinho de empatia pelo próximo?
"Minha História" em algum momento deixou de ser basicamente um livro e se tornou uma conversa, um diálogo, onde Eu deitada no chão da sala de barriga para baixo confortavelmente, balançava minhas pernas enquanto ouvia a Michelle sentada no sofá contar-me sua história. A cada pausa feita para tomar fôlego ou beber um copo d’água, pensava comigo: "Eu também quero fazer a diferença".
Talvez seja por isso que em 2016 comecei a escrever. Antes eu achava difícil dizer a mim mesma que sou uma escritora nacional. "Escritora? Haha. Quem acha que é? Isso não é para o seu bico! Lembre-se: quanto mais alto for, maior será a queda". Acredite ou não, essas e outras malditas palavras ficavam martelando em minha mente.
Cresci em meio a pessoas que não vão muito bem com a minha cara e que estão prontos para me ver cair. Por anos, fui absorvendo esse sentimento e me odiando. "O que será que tem de errado comigo? Por que não podem me amar?", pensava. A cada ano-novo em que se chegava fazia várias e várias promessas. Tudo para me encaixar num molde pré-estabelecido como aceitável. A propósito: Nunca consegui alcançá-lo.
Olhando para o passado e por tudo que já passei na minha tenra idade, vejo que essas pessoas enxergaram potencial em mim antes de perceber que o tinha e, por isso, tentaram "me destruir".
Graças a Deus, os anos foram se passando e eu amadurecendo cada vez mais. Se antes não questionava o modo como me tratavam e nem analisava cada situação, agora era diferente. Foi nesse momento em que mudei pela primeira vez (como diria Raul Seixas: "sou uma metamorfose ambulante"). Parei de dar ouvidos àqueles que não me faziam bem e comecei a focar em mim e no que realmente queria fazer. Descobri que nem sempre é bom estar rodeada de pessoas e comecei a valorizar as horas que passava sozinha tendo os meus pensamentos como companhia (se as pessoas tivessem acesso a minha mente... Kkkkk).
Compreendo que o que passei me ajudou a ser mais forte, mas queria que tivesse sido diferente.
Para quem em grande parte da vida se odiou, hoje sei onde quero chegar, que tenho condições, e que consigo chegar onde quero.
Pois é... Cada lágrima derramada usei para me transformar na pessoa que sou. E digo, sim, para quem quiser ouvir: Eu sou escritora nacional e me orgulho de ter tornado os livros meus amigos.
Nossa, acho que acabei usando esse espaço para desabafar um pouquinho, né?
Voltando ao livro... Ele transmite vários ensinamentos, entre eles o de sermos fortes mesmo em meio às trevas, fazermos o que amamos e nos faz bem e, não darmos ouvidos a palavras carregadas de munição.
Como deu para perceber, com "Minha História" revivi o passado. Em contrapartida renovou meu horizonte e me deu forças para continuar minha jornada. E que venha o futuro.
Se você leu as linhas anteriores e agora está lendo isso daqui, saiba que não tomarei mais o seu tempo e, como sou uma pessoinha educada, digo: "Obrigada!" se você leu o meu desabafo sem revirar os olhos. Se por acaso fez isso, saiba que te entendo. ;)
FICHA TÉCNICA:
Título: Minha História
Autor: Michelle Obama
Editora: Objetiva
Ano: 2018 /Páginas: 440
Até o próximo post!