Nelson Rodriguez ganha estátua no R.J
Depois de Tom Jobim, Dorival Caymmi, Drummond, Pixinguinha, Noel Rosa, Michael Jackson e, mais recentemente, Cazuza e Clarice Lispector, o Rio de Janeiro ganha uma estátua de Nelson Rodrigues. Feita de ferro e banhada em bronze pelo artista Edgar Duvivier, ela terá o tamanho real do jornalista e foi inaugurada nesta quarta-feira, dia 21, data que marca os 36 anos de sua morte. A escultura ficará na Praça Inhangá, em Copacabana, primeiro endereço de Nelson Rodrigues na cidade.
O projeto da estátua é idealizado pelos netos dele, Sacha Rodrigues e Crica Rodrigues, e pelo produtor Gustavo Nunes, que convidaram Edgar Duvivier para confeccioná-la.
“Sonhei em 2013 com uma estátua do meu avô e há 3 anos venho lutando para tornar esse sonho uma realidade. Faltava uma estátua do Nelson na cidade e é um grande orgulho vê-lo imortalizado em tamanho natural. Essa escultura é o primeiro passo para uma série de projetos que iremos realizar como um Festival Nelson Rodrigues em Londres, um filme e uma peça baseados em ‘Anjo Pornográfico’, além de ações em comemoração aos 75 anos do ‘Vestido de Noiva’”.
(Sacha Rodrigues)
A homenagem chega após três anos de espera com patrocínio da Fundação Cesgranrio e apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro.
Inauguração estátua Nelson Rodrigues
Data: 21 de dezembro (data do seu falecimento) Horário: 19h30 Local: Praça Inhangá – Copacabana – Rio de Janeiro – RJ
"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura? Realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico (desde menino)."
Nelson Falcão Rodrigues (Recife, 23 de agosto de 1912 — Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980) foi um jornalista escritor brasileiro, e tido como o mais influente dramaturgo do Brasil.
Nascido no Recife, Pernambuco, mudou-se em 1916 para a cidade do Rio de Janeiro. Quando maior, trabalhou no jornal A Manhã, de propriedade de seu pai, Mário Rodrigues. Foi repórter policial durante longos anos, de onde acumulou uma vasta experiência para escrever suas peças a respeito da sociedade. Sua primeira peça foi A Mulher sem Pecado, que lhe deu os primeiros sinais de prestígio dentro do cenário teatral. O sucesso mesmo veio com Vestido de Noiva, que trazia, em matéria de teatro, uma renovação nunca vista nos palcos brasileiros. Com seus três planos simultâneos (realidade, memória e alucinação construíam a história da protagonista Alaíde), as inovações estéticas da peça iniciaram o processo de modernização do teatro brasileiro.
A consagração se seguiria com vários outros sucessos, transformando-o no grande representante da literatura teatral do seu tempo, apesar de suas peças serem tachadas muitas vezes como obscenas, imorais e vulgares. Em 1962, começou a escrever crônicas esportivas, deixando transparecer toda a sua paixão por futebol. Veio a falecer em 1980, no Rio de Janeiro.
Politicamente, foi um conservador, apoiou a ditadura militar brasileira e combateu a oposição ao regime. Chegou a afirmar que Nixon havia ensinado ao Brasil a ver que o general Emilio Garrastazú Medici era o maior presidente brasileiro.
BIOGRAFIA:
Infância:
Nascido na capital de Pernambuco e quinto de quatorze irmãos, Nelson Rodrigues mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, onde viveria por toda sua vida. Seu pai, o ex-deputado federal e jornalista Mário Rodrigues, perseguido politicamente, resolveu estabelecer-se na então capital federal em julho de 1916, empregando-se no jornal Correio da Manhã, de propriedade de Edmundo Bittencourt.
Segundo o próprio Nelson em suas Memórias, seu grande laboratório e inspiração foi a infância vivida na Zona Norte da cidade. Dos anos passados numa casa simples na rua Alegre, 135 (atual rua Almirante João Cândido Brasil), no bairro de Aldeia Campista, saíram para suas crônicas e peças teatrais as situações provocadas pela moral vigente na classe média dos primeiros anos do século XX e suas tensões morais e materiais.
Sua infância foi marcada por este clima e pela personalidade do garoto Nelson. Retraído, era um leitor compulsivo de livros românticos do século XIX. Nesta época ocorreu também para Nelson a descoberta do futebol, uma paixão que conservaria por toda a vida e que lhe marcaria o estilo literário.
Na década de 1920, Mário Rodrigues fundou o jornal A Manhã, após romper com Edmundo Bittencourt. Seria no jornal do pai que Nélson começaria sua carreira jornalística, na seção de polícia, com apenas treze anos de idade. Os relatos de crimes passionais e pactos de morte entre casais apaixonados incendiavam a imaginação do adolescente romântico, que utilizaria muitas das histórias reais que cobria em suas crônicas futuras. Neste período, a família Rodrigues conseguiria atingir uma situação financeira confortável, mudando-se para o bairro de Copacabana, então um arrabalde luxuoso da orla carioca.
Apesar da bonança, Mário Rodrigues perderia o controle acionário de A Manhã para o sócio. Mas, em 1928, com o providencial auxílio financeiro do vice-presidente Fernando de Melo Viana, Mário fundou o diário Crítica.
Como cronista esportivo, Nelson escreveu textos antológicos sobre o Fluminense Football Club, clube para o qual torcia fervorosamente. A maioria dos textos eram publicados no Jornal dos Sports. Junto com seu irmão, o jornalista Mário Filho, Nelson foi fundamental para que os Fla-Flu tivessem conquistado o prestígio que conquistaram e se tornassem grandes clássicos do futebol brasileiro. Nelson Rodrigues criou e evocava personagens fictícios como Gravatinha e Sobrenatural de Almeida para elaborar textos a respeito dos acontecimentos esportivos relacionados ao clube do coração.
Adolescência e juventude:
Nelson seguiu os seus irmãos Mílton, Mário Filho e Roberto integrando a redação do novo jornal. Ali continuou a escrever na página de polícia, enquanto Mário Filho cuidava dos esportes e Roberto, um talentoso desenhista, fazia as ilustrações. Crítica era um sucesso de vendas, misturando uma cobertura política apaixonada com o relato sensacionalista de crimes. Mas o jornal existiria por pouco tempo. Em 26 de dezembro de 1929, a primeira página de Crítica trouxe o relato da separação do casal Sylvia Serafim e João Thibau Jr. Ilustrada por Roberto e assinada pelo repórter Orestes Barbosa, a matéria provocou uma tragédia. Sylvia, a esposa que se desquitara do marido e cujo nome fora exposto na reportagem invadiu a redação de Crítica e atirou em Roberto com uma arma comprada naquele dia. Nelson testemunhou o crime e a agonia do irmão, que morreu dias depois.
Mário Rodrigues, deprimido com a perda do filho, faleceu poucos meses depois. Sylvia, apoiada pelas sufragistas e por boa parte da imprensa concorrente de Crítica, foi absolvida do crime. Finalmente, durante a Revolução de 30, a gráfica e a redação de Crítica são empastelados e o jornal deixa de existir. Sem seu chefe e sem fonte de sustento, a família Rodrigues mergulha em decadência financeira.
Foram anos de fome e dificuldades para todos. Pouco afinados com o novo regime, os Rodrigues demorariam anos para se recuperarem dos prejuízos causados pela tuberculose.
Ajudado por Mário Filho, amigo de Roberto Marinho, Nélson passa a trabalhar no jornal O Globo, sem salário. Apenas em 1932 é que Nélson seria efetivado como repórter no jornal. Pouco tempo depois, Nelson descobriu-se tuberculoso. Para tratar-se, retira-se do Rio de Janeiro e passa longas temporadas em um sanatório na cidade de Campos do Jordão. Seu tratamento é custeado por Marinho, que conquistou a gratidão de Nélson pelo resto de sua vida. Recuperado, Nelson volta ao Rio e assume a seção cultural de O Globo, fazendo a crítica de ópera.
No O Globo, foi editor do suplemento O Globo Juvenil. Além de editar, Nelson roteirizou algumas histórias em quadrinhos para o suplemento, dentre elas, uma versão de O fantasma de Canterville, de Oscar Wilde.
Em 1940 casou-se com Elza Bretanha, sua colega de redação.
A partir da década de 1940, Nelson dividiu-se entre o emprego em O Globo e a elaboração de peças teatrais. Em 1941 escreve A mulher sem pecado, que estreou sem sucesso. Pouco tempo depois assinou a revolucionária Vestido de noiva, peça dirigida por Zbigniew Ziembiński e que estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com estrondoso sucesso.
O teatrólogo Nelson Rodrigues seria o criador de uma sintaxe toda particular e inédita nos palcos brasileiros. Suas personagens trouxeram para a ribalta expressões tipicamente cariocas e gírias da época, como "batata!" e "você é cacete, mesmo!". Vestido de noiva é considerada até hoje como o marco inicial do moderno teatro brasileiro.
Maturidade:
Em 1945 abandonou O Globo e passou a trabalhar nos Diários Associados. Em O Jornal, um dos veículos de propriedade de Assis Chateaubriand, começou a escrever seu primeiro folhetim, Meu destino é pecar, assinado pelo pseudônimo "Suzana Flag". O sucesso do folhetim alavancou as vendas de O Jornal e estimulou Nelson a escrever sua terceira peça, Álbum de família.
Em fevereiro de 1946, o texto da peça foi submetido à Censura Federal e proibido. Álbum de família só seria liberada em 1965. Em abril de 1948 estreou Anjo negro, peça que possibilitou a Nelson adquirir uma casa no bairro do Andaraí e em 1949 Nelson lançou Doroteia.
Em 1950 passou a trabalhar no jornal de Samuel Wainer, a Última Hora. No jornal, Nélson começou a escrever as crônicas de A vida como ela é, seu maior sucesso jornalístico.
Na década seguinte, Nelson passou a trabalhar na recém-fundada TV Globo, participando da bancada da Grande Resenha Esportiva Facit, a primeira "mesa-redonda" sobre futebol da televisão brasileira e, em 1967, passou a publicar suas Memórias no mesmo jornal Correio da Manhã onde seu pai trabalhou cinquenta anos antes.
O fim:
Nos anos 70, consagrado como jornalista e teatrólogo, a saúde de Nélson começa a decair, por causa de problemas gastroenterológicos e cardíacos de que era portador. O período coincide com os anos da ditadura militar, que Nelson sempre apoiou. Como cronista do jornal O Globo atacava diversos oposicionistas do regime: chamava dom Hélder Câmara de falsário, ex-católico e arcebispo vermelho.
Nelson faleceu numa manhã de domingo, em 1980, aos 68 anos de idade, de complicações cardíacas e respiratórias. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo. No fim da tarde daquele mesmo dia ele faria treze pontos na Loteria Esportiva, num "bolão" com seu irmão Augusto e alguns amigos de "O Globo".
OBRAS:
Características da obra:
O teatro entrou na vida de Nelson Rodrigues por acaso. Uma vez que se encontrava em dificuldades financeiras, achou no teatro uma possibilidade de sair da situação difícil em que estava. Assim, escreveu "A mulher sem pecado…", sua primeira peça. Segundo algumas fontes, Nelson tinha o romance como gênero literário favorito e suas peças seguiram essa predileção, pois as mesmas são como romances em forma de texto teatral. Nelson é um originalíssimo realista. Não é à toa que foi considerado inovador. De fato, a prosa de Nelson era realista e, tal como os realistas do século XIX, ele criticou a sociedade e suas instituições, sobretudo o casamento.
Sendo esteticamente realista em pleno Modernismo, Nelson não deixou de inovar tal como fizeram os modernos. O autor transpôs a tragédia grega para a sociedade carioca do início do século XX, e dessa transposição surgiu a "tragédia carioca", com as mesmas regras daquela, mas com um tom contemporâneo. O erotismo está muito presente na obra de Nelson Rodrigues, o que lhe garante o título de realista. Nelson não hesitou em denunciar a sordidez da sociedade tal como o fez Eça de Queirós em suas obras. Esse erotismo realista de Nelson teve sua gênese em obras do século XIX, como "O Primo Basílio", e se desenvolveu grandemente na obra do autor pernambucano. Em síntese, Nelson foi um grande escritor, dramaturgo e cronista, e está imortalizado na literatura brasileira.
Acervo:
O Cedoc – Centro de Documentação da Funarte possui amplo acervo sobre o dramaturgo, como fotos de peças, programas das produções teatrais, resenhas e comentários sobre espetáculos teatrais, entre eles Vestido de Noiva, encenado pela primeira vez para um Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Boa parte dos registros fotográficos de peças do dramaturgo existentes no Cedoc foram feitos pelo Estúdio Foto Carlos, que, nas décadas de 40 a 80 e foram digitalizadas graças ao projeto Brasil Memória das Artes, incluindo registros de raridades, como uma participação de Nelson Rodrigues como ator. No Portal da Funarte ainda é possível ver vídeos produzidos sobre o dramaturgo e sua obra.
Teatro:
Nelson Rodrigues escreveu dezessete peças teatrais. Sua edição completa abrange quatro volumes, divididos segundo critérios do crítico Sábato Magaldi, que agrupou as obras de acordo com suas características, dividindo-as em três grupos: Peças psicológicas, Peças míticas e Tragédias cariocas. Assim, as peças seguem o plano de publicação.
Peças psicológicas
A mulher sem pecado
Vestido de noiva
Valsa nº 6
Viúva, porém honesta
Anti-Nélson Rodrigues
Peças míticas
Álbum de família
Anjo negro
Senhora dos Afogados
Doroteia
Tragédias Cariocas I
A falecida
Perdoa-me por me traíres
Os sete gatinhos
Boca de ouro
Tragédias Cariocas II
O beijo no asfalto
Bonitinha, mas Ordinária ou Otto Lara Resende
Toda Nudez Será Castigada
A serpente
Romances
Meu destino é pecar - 1944
Escravas do amor - 1944
Minha vida - 1944
Núpcias de fogo - 1948
A mulher que amou demais - 1949 (sob o pseudônimo de Myrna)
O homem proibido - 1959
A mentira - 1953
Asfalto Selvagem: Engraçadinha, Seus Pecados e Seus Amores - 1959
O casamento - 1966
Contos
Cem contos escolhidos - A vida como ela é... - 1972
Elas gostam de apanhar - 1974
A vida como ela é — O homem fiel e outros contos - 1992
A dama do lotação e outros contos e crônicas - 1992
A coroa de orquídeas - 1992
Crônicas
Memórias de Nélson Rodrigues - 1967
O óbvio ululante: primeiras confissões - 1968
A cabra vadia - 1970
O reacionário: memórias e confissões - 1977
Fla-Flu...e as multidões despertaram - 1987
O remador de Ben-Hur - 1992
A cabra vadia - Novas confissões - 1992
A pátria sem chuteiras - Novas Crônicas de Futebol - 1992
A menina sem estrela - memórias - 1992
À sombra das chuteiras imortais - Crônicas de Futebol - 1992
A mulher do próximo - 1992
Nélson Rodrigues, o Profeta Tricolor - 2002
O Berro impresso nas Manchetes - 2007
O quadrúpede de vinte e oito patas
Telenovelas
Baseadas na obra de Nelson Rodrigues
A morta sem espelho - TV Rio - 1963
Sonho de amor - TV Rio - 1964
O desconhecido - TV Rio - 1964
O homem proibido - TV Globo - 1982
Meu Destino É Pecar - TV Globo - 1984
Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados - TV Globo - 1995
A Vida Como Ela É - TV Globo - 1996
Filmes
Baseados na obra de Nelson Rodrigues
Somos dois - 1950 - Direção: Milton Rodrigues
Meu destino é pecar - 1952 - Direção: Manuel Pelufo
Mulheres e milhões - 1961 - Direção: Jorge Ileli
Boca de ouro - 1963 - Direção: Nelson Pereira dos Santos
Meu nome é Pelé - 1963 - Direção: Carlos Hugo Christensen
Bonitinha mas ordinária - 1963 - Direção: J.P. de Carvalho
Asfalto selvagem - 1964 - Direção: J.B. Tanko
A Falecida - 1965 - Direção: Leon Hirszman
O beijo - 1966 - Direção: Flávio Tambellini
Engraçadinha depois dos trinta - 1966 - Direção: J.B. Tanko
Toda nudez será castigada - 1973 - Direção: Arnaldo Jabor
O casamento - 1975 - Direção: Arnaldo Jabor
A dama do lotação - 1978 - Direção: Neville d'Almeida
Os sete gatinhos - 1980 - Direção: Neville d'Almeida
O beijo no asfalto - 1980 - Direção: Bruno Barreto
Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Rezende - 1981 - Direção: Braz Chediak
Álbum de família - 1981 - Direção: Braz Chediak
Engraçadinha - 1981 - Direção: Haroldo Marinho Barbosa
Perdoa-me por me traíres - 1983 - Direção: Braz Chediak
Boca de ouro - 1990 - Direção: Walter Avancini
Traição - 1998 - Direcão: Arthur Fontes, Cláudio Torres e José Henrique Fonseca
Gêmeas - 1999 - Direção: Andrucha Waddington
Vestido de noiva - 2006 - Direção de Joffre Rodrigues
Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Rezende - 2009
BIBLIOGRAFIA:
http://glamurama.uol.com.br/depois-de-cazuza-rio-de-janeiro-ganha-estatua-de-nelson-rodrigues/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nelson_Rodrigues
Espero que tenham gostado do post e até breve!