Reflexão: "Viver em Paz para Morrer em Paz" de Mario Sergio Cortella
Olá leitores!
Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Inicio o meu pensamento, deixando claro que é impossível fazer uma resenha de um livro que nos faz refletir. Portanto, compartilharei com vocês as minhas reflexões.
Logo na capa do livro, "Viver em Paz para Morrer em Paz", somos convidados a pensarmos na falta que faríamos se não existíssemos.
Essa é uma questão capaz de nos fazer vagar pelos nossos pensamentos em busca de uma resposta.
E você, já tem a resposta na ponta da língua, ainda está pesando, ou julga não ser capaz de responder?
Eu, sendo uma admiradora do trabalho do Cortella, considero esse um dos livros mais reveladores de si mesmo, como leitor, e, cheio de assunto. Portanto, terei que me policiar ao escrever esse texto ou então, o transformarei em um livro sobre outro livro.
Já havia tido um primeiro contato com alguns dos assuntos abordados nesse exemplar através das palestras do Cortella, que assisti pela internet (espero um dia poder, pessoalmente, prestigiá-lo em algum evento). Mas sempre que ouço ou leio algo desse autor, mesmo que seja o mesmo tema, acabo refletindo sobre algum ponto que deixei passar despercebido, o que consequentemente me faz indagar ainda mais sobre a humanidade.
Há aqueles que se consideram o centro do universo e, portanto, acreditam ser intocáveis. Em contrapartida, há outros que subestimam a sua capacidade, sentindo-se e enxergando-se como medíocres. E, por fim, aqueles que nem se dão ao trabalho de questionar qual o seu papel no universo.
Um ponto levantado pelo Cortella é que para morrer em paz, devemos viver em paz. E, segundo suas próprias palavras: "Eu, Cortella, quando me for, e eu me vou, eu quero fazer a falta. Para fazer falta, tenho que ficar na vida das outras pessoas, com a amizade, solidariedade, afetividade, amorosidade. Tudo aquilo que nos faz permanecer ao invés de partir."
Eu, Graziele, penso que quando eu me for, o que quero que as pessoas sintam é... Cheguei a uma conclusão, indo na contramão de alguns pensamentos, não quero fazer falta em suas vidas.
Ainda em vida quero sim ter boas relações (amigos, família, no trabalho, com os moradores da mesma rua da minha casa... ) mas, quando morrer, não quero que sintam a minha falta. Quero que as pessoas que conviveram comigo se despeçam de mim, no dia do meu enterro, e sigam com as suas vidas. Creio que quem sente a falta de outra pessoa, não sentirá uma ou duas vezes, e, sim mais vezes. Isso parte o meu coração só de pensar que a falta acompanhada de algumas lágrimas não poderão ser cessadas por um abraço meu.
"Tá, mas, você quer viver e não ser lembrada?" Nos meus vinte e poucos anos de idade, a minha resposta é sim! Não consigo enxergar muito sentido em ser lembrada após a morte. Será que, hoje, sou lembrada, em algum momento do dia, por aqueles que conviveram comigo em alguma fase da minha vida? Dificilmente. Acho que deve até existir pessoas que já se esqueceram de mim. Então, para elas eu não tenho mais uma vida. Eu não os culpo por isso. Vai me dizer que você se lembra de TODAS as pessoas que passaram por sua vida. Seja sincero (a).
No nosso dia a dia já somos esquecidos, seja pelos políticos, pelos amigos que não vemos há muito tempo, por parentes que nunca conhecemos ou, por alguma antiga paixão. De uma forma simples, só quero que as pessoas que convivem comigo, não se apeguem a minha imagem e aos meus feitos após a minha morte e, me esqueçam, assim como essas pessoas já me esqueceram.
Pode parecer depressivo, mas não é. Não é um grito silencioso ou algo do tipo. É um selo, um cuidar, um amor, por aqueles que viverão em um mundo em que não estarei mais.
Na minha concepção se uma pessoa acha que sou boa amiga, compreensível, estudiosa, conselheira, entre outros adjetivos que não vem à minha cabeça no momento, desejo que elas falem comigo ainda em vida. Por que será que o ser humano tem essa mania de esconder seus sentimentos e deixar para fazer um lindo discurso quando a pessoa mencionada já não pode se emocionar com aquelas palavras, ao término dizendo "Eu sou uma manteiga derretida mesmo!" ou "Ai que lindo!"? Por que deixamos para dar valor quando é tarde demais? Por que não valorizamos as pessoas sem medo de parecermos infantis, imaturos, bobos ou não sermos compreendidos corretamente? Por que não nos libertamos de todos esses praxes e nos tornamos livres e felizes?
Sinceramente, me assombra saber que só depois de partir terei pessoas dizendo que eu era importante em suas vidas. Seria tão bom ouvir isso hoje, amanhã, daqui a alguns meses (se ainda estiver aqui). Enfim, espero que essas mesmas pessoas não se arrependem das palavras não ditas.
Bom, acho que esse tipo de afeto explícito é um dos fatores para se viver em paz. Não é viver cada dia como se fosse o único, isso nos deixaria vulneráveis, no fim das contas. "Vou encher a cara, vai que esse seja o meu último dia", pode ser o pensamento de alguns, mas, realmente, esse é o início do fim. Essa mesma pessoa, provavelmente, terá algum problema de fígado devido a alta taxa de álcool no organismo; poderá atravessar a rua sem olhar pelos dois lados e ser atingindo por algum caminhão; poderá tropeçar em seus próprios pés e bater a cabeça no meio fio; enfim, enes situações poderão acabar com a sua vida.
Devemos sim nos programar para o futuro, a médio e longo prazo. Mas, não podemos colocar um "cabresto" na nossa cabeça e só realizarmos o que está nesse "plano". Devemos nos permitir a experiências que nunca ousamos ser capazes de realizarmos e as emoções, o que nos torna humanos e não robôs.
(Antes de iniciar esse parágrafo, reli o que tinha escrito até esse momento e, percebi que fugi um pouquinho da primeira pergunta. Mas, é assim mesmo durante uma reflexão, um assunto puxa outro assunto que puxa o outro e quando percebemos, o que iniciamos pensando em como o dia está belo, termina com uma lista do mercado) Então... voltando a pergunta: "Se você não existisse que falta faria?"
Eu, Graziele, partindo do pensamento de que existe um Walter (primeiro nome que veio em minha mente), comerciante, que reside nos EUA e nunca o conheci e, portanto, não faz falta na minha vida, o que me faz pensar que comigo seria diferente?
Imagino que não faria nenhuma falta (acho que estou sendo depressiva com as minhas reflexões. Começo a pensar se devo ou não fazer terapia).
A partir do momento que tenho essa noção de que a minha existência não é primordial para o andamento da humanidade, isso, de certa forma, me ajuda a ser um ser humano melhor. Como? Há várias respostas para essa pergunta de uma só palavra. Por exemplo: Não corro o risco de ter a síndrome "Você-sabe-com-quem-está-falando?"; Serei capaz de valorizar outros indivíduos sem menosprezar ninguém, já que não terei essa "armadura" de superioridade; De certa forma, ciente de que não sou importante para o universo, me esforçarei para me tornar uma pessoa agradável e ser importante na vida de outras pessoas...
Enfim, para não ficar muito extenso o texto, decidi parar por aqui com registro dos meus devaneios....
Sejamos mais pensantes! Leia e reflita!
FICHA TÉCNICA:
Título: Viver em Paz para Morrer em Paz
Autor: Mario Sergio Cortella
Ano: 2017 / Páginas: 176
Espero que tenham gostado do post e até breve!