Hoje completam 209 anos do nascimento de Edgar Allan Poe
Sem ele, talvez você não conheceria livros, séries e filmes de ficção policial como são feitos hoje. Para tentar desvendar quem foi Edgar Allan Poe, é preciso entender que estamos falando de um dos maiores contistas do gênero policial e de suspense, criador do primeiro detetive da ficção e que marcou uma geração com seu modo peculiar de escrever sobre a morte, o mistério e o macabro.
* História: Edgar Allan Poe nasceu em Boston, Massachusetts, nos Estados Unidos, em 19 de janeiro de 1809. Sua história é marcada pela morte da mãe e o abandono do pai. Poe foi então morar com uma família no estado de Virginia, embora nunca tenha sido adotado formalmente. Com problemas com o pai, saiu de casa para se alistar nas forças armadas. Após esse período, começa sua carreira em 1827, com uma coleção anônima de poemas denominada “Tamerlane and Other Poems”. Casou-se com sua prima, que teve uma morte trágica, pois veio a falecer de tuberculose dois anos após Poe publicar seu conto O Corvo, que teve enorme sucesso.
Ao longo de sua carreira foi autor de contos, poeta, editor e crítico literário. Hoje é reconhecido como um dos primeiros escritores de conto e também inventor do gênero de ficção policial, além de contribuições ao gênero de ficção científica.
* Estilo literário: Poe foi integrante do movimento romântico americano. Após a publicação de sua primeira obra de poemas, o escritor trabalhou em jornais e revistas como crítico literário, e começou a escrever também em prosa.
Dentro do romantismo, Edgar Allan Poe é mais conhecido com a parte sombria, pois trabalhou com temas como a morte, o mistério, o terror. Alguns de seus biógrafos apontam que a escolha dos temas em parte vinham mais pelo gosto do público do que do próprio escritor, por isso ele também escreveu sobre pseudociência, frenologia e fisiognomia.
Por volta de 1849, Poe planejava criar o seu próprio jornal, mas veio a falecer neste mesmo ano, de causas desconhecidas, aos 40 anos.
* O primeiro detetive da ficção: Muito antes de ouvirmos falar de Sherlock Holmes, Poe criou C. Auguste Dupin – o detetive de “Os Assassinatos da Rua Morgue”. Com esse personagem, Poe deu base para futuras histórias do gênero, já que Dupin usou a arte da dedução, com um apurado raciocínio lógico, em suas investigações para solucionar os crimes nas histórias.
* Principais Obras:
Dono de um estilo único e inovador para época, Edgar Allan Poe produziu
diversas obras de contos e poesias, das quais se destacam:
* Contos
Berenice (1835)
Os Assassinatos da Rua Morgue (1841)
O Gato Preto (1843)
O Demônio da Perversidade (1845)
O Barril de Amontillado (1846)
* Poesia
Tamerlane (1827)
O Verme Vencedor (1837)
Silêncio (1840)
O Corvo (1845)
Um Sonho Dentro de um Sonho (1849)
* Trechos das Obras:
Dos contos de Edgar o mais famoso é sem dúvida “O Gato Preto”. Já na poesia, merece destaque “O Corvo”.
O Gato Preto
"Casei jovem e tive a felicidade de achar na minha mulher uma disposição de espírito que não era contrária à minha. Vendo o meu gosto por animais domésticos, nunca perdia a oportunidade de me proporcionar alguns exemplares das espécies mais agradáveis. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um lindo cão, coelhos, um macaquinho, e um gato.
Este último era um animal notavelmente forte e belo, completamente preto e excepcionalmente esperto. Quando falávamos da sua inteligência, a minha mulher, que não era de todo impermeável à superstição, fazia frequentes alusões à crença popular que considera todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não quero dizer que falasse deste assunto sempre a sério, e se me refiro agora a isto não é por qualquer motivo especial, mas apenas porque me veio à ideia.
Plutão, assim se chamava o gato, era o meu amigo predilecto e companheiro de brincadeiras. Só eu lhe dava de comer e seguia-me por toda a parte, dentro de casa. Era até com dificuldade que conseguia impedir que me seguisse na rua.
(...) Certa noite, ao regressar a casa, completamente embriagado, de volta de um dos tugúrios da cidade, pareceu-me que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, horrorizado com a violência do meu gesto, feriume ligeiramente na mão com os dentes. Uma fúria dos demónios imediatamente se apossou de mim. Não me reconhecia. Dir-se-ia que a minha alma original se evolara do meu corpo num instante e uma ruindade mais do que demoníaca, saturada de genebra, fazia estremecer cada uma das fibras do meu corpo. Tirei do bolso do colete um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pelo pescoço e, deliberadamente, arranquei-lhe um olho da órbita! Queima-me a vergonha e todo eu estremeço ao escrever esta abominável atrocidade."
O Corvo
“Ave ou demônio que negrejas! Profeta, ou o que quer que sejas! Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa! Regressa ao temporal, regressa À tua noite, deixa-me comigo. Vai-te, não fique no meu casto abrigo Pluma que lembre essa mentira tua. Tira-me ao peito essas fatais Garras que abrindo vão a minha dor já crua." E o corvo disse: "Nunca mais". "E o corvo aí fica; ei-lo trepado No branco mármore lavrado Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho. Parece, ao ver-lhe o duro cenho, Um demônio sonhando. A luz caída Do lampião sobre a ave aborrecida No chão espraia a triste sombra; e, fora Daquelas linhas funerais Que flutuam no chão, a minha alma que chora Não sai mais, nunca, nunca mais!"
>>> O Corvo (animação) <<<
* BIBLIOGRAFIA:
http://blog.poemese.com/quem-foi-edgar-allan-poe/
https://www.todamateria.com.br/edgar-allan-poe/
https://www.youtube.com/watch?v=s6hvpaXPFKs (Canal R.L Quintus)
“Tornei-me insano, com longos intervalos de uma horrível sanidade.” (Edgar Allan Poe)